domingo, 10 de junho de 2012

Dia de Portugal


O Dia de Portugal é o dia em que se assinala a morte de Luís Vaz de Camões, a 10 de Junho de 1580.

Pela grandeza da sua obra Os Lusíadas, que enaltece as aventuras heróicas dos nossos antepassados, e pela projecção dada à Língua Portuguesa, o Poeta é considerado um dos símbolos da Nação.

Clica aqui e fica a saber mais sobre Luís de Camões!

O 10 de Junho foi institucionalizado como o Dia de Portugal em 1924, durante a vigência do Estado Novo. E até ao 25 de Abril de 1974 era chamado o Dia de Camões, de Portugal e da Raça, dia dedicado, em plena guerra colonial, à memória dos soldados mortos em combate.

Hoje o 10 de Junho é denominado o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas.

(Alguns) símbolos do nosso país:

O Hino Nacional: A Portuguesa


Clica para ouvires o hino


A Bandeira Nacional

Dia Mundial dos Oceanos


Mar sonoro

"Mar sonoro, mar sem fundo, mar sem fim.
A tua beleza aumenta quando estamos sós
E tão fundo intimamente a tua voz
Segue o mais secreto bailar do meu sonho.
Que momentos há em que eu suponho
Seres um milagre criado só para mim.
"


Sophia de Mello Breyner Andresen


No dia 8 de Junho comemorou-se
o Dia Mundial dos Oceanos.








Os descobridores portugueses abriram caminho "por mares nunca dantes navegados".

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Amor é fogo que arde sem se ver


Música: Pólo Norte
Poema: Luís de Camões


Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer;

É um não querer mais que bem querer;
É solitário andar por entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em se perder;

É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata lealdade.

Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?

Grammatica Rudimentar

Aquelle Manuel do Rego
É rapaz de tanto tino
Que em lirio põe sempre y grego,
E em lyra põe i latino!
E como a gente diz ceia
Escreve sempre ceiar;
Assim como de passeia
Tira o verbo passeiar!
Nunca diz senão peior
Não só por ser mais bonito,
Mas porque achou num auctor
Que deriva de sanskrito.
Escreve razão com s,
E escreve Brasil com z:
Assim elle nos quizesse
Dizer a razão porquê!
Também como diz - eu soube
Julga que eu poude é correcto:
Temo que a morte nos roube
Rapazinho tão discreto!
É um gramático o Rego!
É um purista o finorio...
Se Camões fallava grego,
E o Vieira latinorio!

João de Deus

Um poema... :)


Clica na imagem para poderes visualizá-la num formato maior.

Um dia


Um dia
sem ouvir a tua voz
é como descobrir
que o mar morreu.

David Mourão-Ferreira

As ondas quebravam uma a uma


As ondas quebravam uma a uma
Eu estava só na praia com a areia e com a espuma
Do mar que cantava só para mim.

Sophia de Mello Breyner Andresen

O Universo


Uns dizem que é aberto
outros que é fechado
outros ainda que é plano
Cada um consoante o seu desejo
Para mim o universo
tem a forma de um beijo.

Jorge Sousa Braga

Boletim meteorológico

Céu muito nublado vento
fraco moderado de sudoeste

soprando forte nas terras
altas aguaceiros em especial

nas regiões do Norte e Centro
e que serão de neve nos

pontos mais altos da Serra
da Estrela e no teu coração.

Jorge de Sousa Braga

É assim, a música

A música é assim: pergunta,
insiste na demorada interrogação
– sobre o amor?, o mundo?, a vida?
Não sabemos, e nunca
nunca o saberemos.
Como se nada dissesse vai
afinal dizendo tudo.
Assim: fluindo, ardendo até ser
fulguração – por fim
o branco silêncio do deserto.
Antes porém, como sílaba trémula,
volta a romper, ferir,
acariciar a mais longínqua das estrelas.

Eugénio de Andrade

O Infante


Música: Dulce Pontes
Poema: Fernando Pessoa


Pedra filosofal


 Música: Manuel Freire 
Poema: António Gedeão 


Eles não sabem que o sonho
é uma constante da vida
tão concreta e definida
como outra coisa qualquer,
como esta pedra cinzenta
em que me sento e descanso,
como este ribeiro manso
em serenos sobressaltos,
como estes pinheiros altos
que em verde e oiro se agitam,
como estas aves que gritam
em bebedeiras de azul.

eles não sabem que o sonho
é vinho, é espuma, é fermento,
bichinho álacre e sedento,
de focinho pontiagudo,
que fossa através de tudo
num perpétuo movimento.

Eles não sabem que o sonho
é tela, é cor, é pincel,
base, fuste, capitel,
arco em ogiva, vitral,
pináculo de catedral,
contraponto, sinfonia,
máscara grega, magia,
que é retorta de alquimista,
mapa do mundo distante,
rosa-dos-ventos, Infante,
caravela quinhentista,
que é cabo da Boa Esperança,
ouro, canela, marfim,
florete de espadachim,
bastidor, passo de dança,
Colombina e Arlequim,
passarola voadora,
pára-raios, locomotiva,
barco de proa festiva,
alto-forno, geradora,
cisão do átomo, radar,
ultra-som, televisão,
desembarque em foguetão
na superfície lunar.

Eles não sabem, nem sonham,
que o sonho comanda a vida,
que sempre que um homem sonha
o mundo pula e avança
como bola colorida
entre as mãos de uma criança.

No comboio descendente


Música: José Afonso
Poema: Fernando Pessoa

No comboio descendente
Vinha tudo à gargalhada.
Uns por verem rir os outros
E outros sem ser por nada.
No comboio descendente
De Queluz à Cruz Quebrada...

No comboio descendente
Vinham todos à janela,
Uns calados para os outros
E os outros a dar-lhes trela.
No comboio descendente
De Cruz Quebrada a Palmela...

No comboio descendente
Mas que grande reinação!
Uns dormindo, outros com sono,
E outros nem sim nem não.
No comboio descendente
De Palmela a Portimão.

quarta-feira, 6 de junho de 2012

A verdade do poeta


Música: Dulce Pontes
Poema: João Mendonça

Um poema

Não tenhas medo, ouve:
É um poema
Um misto de oração e de feitiço...
Sem qualquer compromisso,
Ouve-o atentamente,
De coração lavado.
Poderás decorá-lo
E rezá-lo
Ao deitar,
Ao levantar,
Ou nas restantes horas de tristeza
Na segura certeza
De que mal não te faz.
E pode acontecer que te dê paz...

Miguel Torga

Perdidamente (Ser Poeta)



Ser poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Aquém e de Além Dor!

É ter de mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!

É ter fome, é ter sede de Infinito!
Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim...
É condensar o mundo num só grito!

E é amar-te, assim, perdidamente...
É seres alma, e sangue, e vida em mim
E dizê-lo cantando a toda a gente!

Florbela Espanca

O poeta...

... beija tudo e comove-se com coisas de nada.

Sebastião da Gama