Ficcionista e poeta angolano, pseudónimo literário de Ndalu de Almeida, nascido em 1977, em Luanda, dois anos depois da proclamação da Independência do seu país. Nesta cidade viveu a sua infância e adolescência, tendo criado um leque de amizades com pessoas oriundas das mais diversas camadas sociais e formações. Frequentou a escola pública até ao 10.º ano de escolaridade, tendo, então, vindo para Lisboa onde estudou Sociologia.
Amante da leitura desde muito menino, Ondjaki foi criando estofo para penetrar, através de uma leitura cuidadosa, nas obras de autores esteticamente diversificados, como Graciliano Ramos, Sartre, Ionesco e mais tarde, Vargas Llosa e Gabriel Garcia Márquez.
A sua atração pela atividade cultural lançou-o, ainda em Luanda, num curso de mímica que o levou a aprofundar a sua paixão pelo teatro e pela escrita. Assim, integrou, durante dois anos, um grupo de teatro amador e, depois de frequentar um curso livre de teatro, representou uma peça do dramaturgo Eugène Ionesco, O futuro está nos ovos.
Jovem dinâmico e de multifacetas, não se deixou arrastar para o pântano da desilusão e da frustração que a coabitação com uma realidade degradante e corrupta, atentatória dos mais elementares direitos, necessariamente provoca em espíritos esclarecidos e livres. Pelo contrário, consciente desta situação, o autor procurou empenhar-se e envolver-se nas iniciativas culturais que se realizam em Luanda, tendo sido um dos responsáveis por várias criações, de que é exemplo a revista Nganza Times, criada em 1993. Revista cómico-satírica, Nganza Times conheceu seis números cuja responsabilidade Ondjaki dividiu com os seus colegas de escola.
Já em Lisboa, em 1996, frequenta um curso de escrita criativa, sentindo que o chamamento da ficção se intensifica. Este curso constituiu um patamar fundamental na sua produção, pela importância que "as magias da literatura" adquiriram na sua obra. Esta magia, associada ao seu imaginário nutrido por recorrentes idas a Luanda, permitiu-lhe desenvolver a sua arte de fabulação, começando por escrever pequenas "estórias" e contos.
Em 2000, publicou o seu primeiro livro de contos, intitulado Momentos de Aqui, com o qual concorreu à final do prémio literário PALOP (promovido pelo Fundo Bibliográfico Europeu), realizada em S. Tomé. Esta iniciativa facultou a Ondjaki contactos com outros escritores, nomeadamente com o seu conterrâneo Jacques Arlindo dos Santos, responsável pela editora Chá de Cachinde, que o convidou para participar na coleção Independência. Respondendo a este repto, o autor publicou, em 2001, o livro Bom Dia Camaradas que o consagrou, definitivamente, nos circuitos literários. Com uma linguagem caracterizada pela oralidade, onde os termos locais e geracionais são recorrentes, esta obra é fruto de experiências vivenciadas. Coloca-nos perante um cruzamento entre o tempo do pretérito colonial e o do presente pós-independência, através das certezas e das dúvidas enformadas pelas personagens Camarada António (criado de um diretor português no tempo colonial) e Menino (adolescente que apenas conhece a Luanda libertada).
Ainda em 2000, fez chegar ao prelo um conjunto de oito textos poéticos com o título Palavras Desaguadas, sob a chancela das Edições Pilar e Bianchi Editores, e com o qual concorreu à Antologia Internacional Agua en el Tercer Milénio. No mesmo ano, publicou a prosa poética A Freira, pela mesma editora, e o livro de poesia Actu Sanguíneu, que foi contemplado com uma menção honrosa no Prémio Literário António Jacinto.
Em maio de 2002, o autor editou pela Editorial Caminho a novela O Assobiador e em 2004 Quantas Madrugadas tem a Noite.
Escritor e poeta conhecido e reconhecido nos caminhos literários, Ondjaki tem muitos dos seus títulos publicados em antologias internacionais, nomeadamente brasileiras e uruguaias e na Antologia "Angola - a festa e o luto".
Membro da União de Escritores Angolanos, é também colaborador do órgão cultural angolano "O Chã".
In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2012. [Consult. 2012-01-15].
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