sexta-feira, 4 de maio de 2012

Lenda do Senhor Jesus das Chagas - Sesimbra

«No séc. XVI houve uma revolta contra a igreja católica. Nessa altura a rainha mandou encaixotar todas as imagens que estavam nas igrejas e deitá-las ao mar. Arrastados pelas correntes os caixotes foram levados mar fora e foram ter aos sítios mais diversos. Um deles veio ter à praia de Sesimbra. Estavam alguns pescadores à beira mar quando viram aquele caixote a boiar junto à pedra que fica do lado nascente da fortaleza.

Trouxeram-no para a praia, abriram-no e viram uma imagem de Jesus Cristo. Ficaram muito admirados sem saberem o que fazer com ela. 

Pensaram um pouco e trouxeram-no para o terreiro da Misericórdia, onde hoje em dia é o jardim, mas não tinham sítio onde o colocar. A imagem não ia ficar no chão, nem à chuva nem ao vento, por isso resolveram levantar uma tenda e fingir que aquilo era uma pequena capela, pois um dia far-se-ia uma a sério.

(imagem retirada daqui)
Todos repararam que faltava um braço à imagem, mas também sabiam que no caixote não estava. E a imagem continuou assim na pequena capela improvisada onde toda a gente ia venerá-la. Ora era costume, e ainda hoje há quem o faça, ir à praia buscar lenha para levarem para a lareira. Naquele dia, uma velhinha apanhava uns pequenos troncos na praia. Ao chegar a casa colocou os troncos no braseiro e sentou-se ali ao pé para se aquecer. 

Começou a reparar que toda a madeira ardia menos aquele tronco mais grosso. A ele nem o lume chegava perto. 

Intrigada pegou nele e mirou-o com atenção. Viu, então, que aquele pedaço de madeira tinha a forma de um braço. 

Correu até à capela, mostrou-o ao padre e concluíram que aquele tronco especial era realmente o braço da imagem do Senhor Jesus. 

Todos gritaram “milagre”, prometeram fazer todos os anos uma festa em honra do Senhor e mandaram edificar a capela da Misericórdia onde fizeram um altar para colocar a imagem do Senhor Jesus das Chagas. 

Todos os anos no dia 4 de Maio faz-se uma procissão que atravessa as ruas da vila de Sesimbra e que no largo da Marinha abençoa o mar para que este nunca falte com o peixe que era, até há poucos ano, o principal sustento das gentes de Sesimbra.”

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